domingo, 22 de maio de 2011

PROCURA-SE: O NOVO

  
   Vamos lá, vamos fazer tudo novo, de novo. Essa parece ser minha mais recente descoberta sobre o mundo, que é essa coisa grande em que habitamos e que habita em nós.
   Refletindo sobre imagem e arte na contemporaneidade através de um texto do Paulo Bernardino*, que por sinal me levou a reler Walter Benjamin, a ler trechos de Jacob Burckhardt, Susan Sontag entre outros, chego hoje em um estágio de certo modo agradável em relação ao que penso sobre o posicionamento do artista contemporâneo.
  Quando digo agradável, quero dizer que momentaneamente tenho minhas angústias em relação à produção artística atual suspensas. Posso dizer que essas aflições (parte do universo de todo artista, é só lermos  algumas das inúmeras biografias existentes de Pollock à Patti) estão certamente ligadas ao criar "o novo".
  O artista tem essa urgência e mesmo quando em seu processo encontra o tão procurado "novo", precisa constantemente procurar reencontrá-lo. Faz parte da sua biologia de ser vivo em eterna mutação, é sua marca na História com "H", faz parte do que é a sua arte, ele não perderá isso nunca, porque procurar o novo é a força motriz do artista, mesmo que não a encontre ou talvez encontre sem esperar, ou talvez o espectador encontre por ele... 
  São infinitas as possibilidade e combinações de maneiras de ver o mundo e isso é o que me parece ser "o novo". Hoje "o novo" é como se faz de novo, o que se faz há anos. Vamos assumir o velho, assumir que vivemos num caldeirão de referências sem fim e que tanto e tudo de tão maravilhoso foi feito e refeito no século XX, esse menino que agora já está com XI. 
  Não podemos negar o que é nosso, próprio da gente. O homem cria para o homem, o homem consome o próprio homem, as tecnologias servem como modo de consumirmos uns aos outros. E como são incríveis e variadas as formas! Alimentemo-nos de homens e tecnologia!
  Ouso dizer que a tecnologia nunca tirará de nós o ato criador, a autoria. A tecnologia modifica a forma, o meio, às vezes soma, às vezes subtrai à mensagem, mas é em nós que está a fagulha da criatividade e da imaginação que é capaz de movimentar, fazer viver, e energizar o mundo. 
  A tecnologia facilita, acelera, colabora e nós a amamos, mas a real potência de um trabalho artistico, de uma obra, não está nela e sim na poética nela contida.
  Arte é uma nova maneira de organizar o que já estava organizado por outras pessoas no passado. Salve Chico Science e tantos outros que se organizaram para desorganizar. Salve Kraftwerk que usa a tecnologia para criticar o seu uso. 
  "O verdadeiro descobridor, porém, não é o homem que tem a sorte de primeiro tropeçar em alguma coisa, mas sim quem encontra aquilo que vem procurando." Jacob Burckradt. 


* Texto: Intersecção das novas tecnologias na criação da imagem (artes plásticas) no final do séc. XX
   

sábado, 16 de abril de 2011

Take Your Time

      
  Tenho andado bastante ocupada com meu trabalho, com meus estudos e compondo, confesso a vocês que não tenho tempo de postar nem 1% do que eu gostaria. Sonho com o dia em que nossa mente será diretamente conectada à internet e nossos pensamentos virarão posts num piscar de olhos, literalmente.
  Mas prometi para mim que não vou ficar culpada por não postar diariamente, não pretendo ser o "blog do momento", muito menos o mais rápido, vou fazer tudo no meu tempo, no tempo próprio de mim. 
  Tempo é aquilo que não sabemos explicar mas sabemos o que é. É aquilo que o homem inventou mas também existe na natureza dos bichos. É hoje, é ontem e amanhã, tudo junto e misturado. É o fragmento e o todo, é o conjunto e a parte. Ele não é igual para todos, mas avança para todos da mesma maneira, sem pedir licença.
  Tenho a impressão que quando se é bem jovem desperdiça-se o tempo por que ele parece infinito, e quando vamos crescendo aprendemos a usá-lo melhor pois ele começa a ganhar a noção de finitude. Quero quando for mais velha saber seu valor exato e não ter medo nenhum de gastá-lo mesmo sabendo que ele um dia irá acabar.
  Quero comer, beber, dormir, amar, ler, trepar, cantar, vestir, dançar, sorrir, ouvir o meu tempo. I just want to be timeless.
   

Foto: Relógio "timeless" da Rogan tirado do www.coolhunting.com

 
  

terça-feira, 22 de março de 2011

H;K and K;H



       Tenho um livro ótimo chamado American Style da Kelly Killoren Bensimon, editado pela Assouline em 2004, que me inspirou a postar hoje. Com uma seleção de imagens lindas, emblemáticas e ricas em detalhes, o livro dá ao senso de estilo americano, ao seu lyfestyle, à moda que vem dos EUA o devido reconhecimento que eles de fato merecem.
   O ícone que eu escolhi para fazer jus à esta boa publicação é ninguém menos que a hyper estilosa Katharine Hepburn. Reparem em tudo porque esse é um registro dos primórdios do hi-lo que tanto amamos hoje!! Primórdios também do uso de peças masculinas por mulheres.
   Que expressão! Que coragem!
       Harold Koda curador-chefe do Costume Institute de NY, dono da frase que acompanha a imagem merece aplausos! Ele é cínico, engraçado e brilhante! Olha uma entrevista dele: http://nymag.com/daily/intel/2006/12/harold_koda_finds_sm_in_every.html
       Não sei se foi o Barack Obama ou minha infância disneyiana, só sei que hoje acordei Americana!
   Have sweet american dreams!
      
     



sábado, 12 de março de 2011

Japan Rocks

  
  Hoje meu coração sofre com este grande terremoto que aconteceu no Japão. Tive a sorte de ter morado em Osaka e Tóquio trabalhando como modelo, em 2002. Eu já não era nem tão novinha, por isso repito que foi mais sorte ainda!
  Ontem ao ouvir as notícias de tanto sofrimento, me deu conforto, foi um certo afago, vestir um yukata que eu comprei neste período tão feliz, que me proporciona uma linda memória e que me ensinou tanto.
     Yukata é um quimono de verão, mais leve que leva este apelido. O meu é de algodão com uma estampa bem tradicional de pássaros. Escolhi esta foto porque tem um ar rock'n'roll e o rock salva e dá forças nas horas de desespero...
  Acho que vou adotar o look em shows, o que acham? Fazer um look Grey Garden oriental...Don't forget to pray for Japan. 

quinta-feira, 10 de março de 2011

Cangas de Março


   Gente, quero dizer que este post não é jabá. Posso até ter alguns post/jabás no futuro, mas nunca serão jabás só pelo dinheiro, e sim jabás em que eu acredite!
     O assunto por trás deste post/não-jabá é canga. Quem odeia aquele pedaço de "ticido", geralmente viscose, e suas horríveis franjinhas levante a mão!!
  Eu tenho algumas, todas compradas em situação de emergência, mas não me conformo em usá-las. Hoje felizmente me deparei com umas fofas da Salinas que me lembram cangas de antigamente. São de algodão e não tem franjas, são confortáveis e elegantes. Vi em listras e grafismos.  Amanhã vou postar foto de um jeito interessante de usar.  
 
 

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mulheres Reais

  
  Ontem foi dia Internacional da Mulher, uns acham cafona celebrar esta data, outros dizem que o feminismo morreu, eu acho que as diferenças entre homens e mulheres, e sobretudo entre nós mesmas, estão aí para serem pensadas. Podemos sempre usar este dia para nos conhecermos melhor, nos aceitarmos mais, nos libertarmos.
  Dedico este post às mulheres reais que conheço e admiro. Elas me educam e me fortalecem. São elas minha mãe Sonia, minhas amigas Claudia Kopke, Carolina Jabor, Mari Stockler, Regina Casé, Paula Miller entre tantas! 
  Hoje especialmente dedico minhas palavras a Renata Reis e Lucinha Karabtchevsky que me pilharam desde sempre para eu dividir minha visão de mundo com o mundo.
  Nas imagens acima estão a Rainha da Inglaterra Elizabeth II e a Rainha de Angola Mbande Nzinga, rescpectivamente.
 

Dèbut

  Após o receber incentivo insistente de alguns amigos, resolvi criar este blog. O Tive Que Falar será um espaço para falarmos sobre coisas bobas e sérias com a mesma intensidade. Puro juízo de gosto, com e sem juízo.